O número de casos de sarampotem aumentado na América do Norte, América Central e América do Sul. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 11 países têm registros de 385 casos confirmados somente neste ano. A Venezuela lidera a lista, com 279 ocorrências, e o Brasil aparece em segundo lugar, com 46.
Os outros nove países atingidos são Estados Unidos (41 casos), Colômbia (5), Canadá (4), México (4), Peru (2), Guatemala (1), Antígua e Barbuda (1), Equador (1) e Argentina (1). Aqui, o surto acontece em Roraima, com 42 casos confirmados, sendo 34 venezuelanos e 8 brasileiros, e no Amazonas, com 4 casos de brasileiros com a doença. O Brasil não registrava ocorrências de sarampo desde 2015.
Para combater esse aumento, o Ministério da Saúde e os governos estaduais e municipais estão realizando, nos estados afetados, campanhas de vacinação para residentes e imigrantes entre 6 e 49 meses de idade. Além disso, a pedido do Ministério, a OPAS está dando apoio à montagem de um posto de vacinação na cidade de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela.
Doença é uma das mais contagiosas
O sarampo é uma doença infectocontagiosa causada por um morbilivírus que provoca inflamação generalizada nos vasos sanguíneos (vasculite). É transmitido por meio de secreções das vias respiratórias, como gotículas eliminadas pelo espirro ou tosse. É grave e pode provocar aborto ou parto prematuro em gestantes. Os sintomas surgem entre 10 e 18 dias após o contágio, mas a transmissão para terceiros pode acontecer antes desse período.
“A principal característica do vírus é a altíssima contagiosidade. Na verdade, o sarampo é uma das doenças infecciosas mais contagiosas de que se tem notícia. Introduzido num domicílio, o vírus certamente irá infectar todas as pessoas que não tomaram a vacina nem tiveram a doença”, afirma o dr. Gabriel Oselka, especialista em doenças infecciosas e parasitárias, em entrevista concedida a este portal.
Ela [a vacina] é segura, provoca pouca reação e confere proteção permanente, isto é, para toda a vida
Sintomas
A gravidade dos sintomas varia de uma pessoa para outra, mas em geral a manifestação clínica da doença é clara: aparecem erupção cutânea característica, em forma de manchas avermelhadas na pele, e sintomas mais genéricos, como febre alta, tosse, dores no corpo, mal-estar e perda de apetite, entre outros sinais.
Porém, segundo dr. Oselka, os sintomas mais graves causados pelos vírus são conjuntivite e problemas respiratórios, como coriza, tosse e expectoração. Em alguns casos, eles podem evoluir para complicações pulmonares, otite, sinusite e até comprometimento do sistema nervoso central.
Antigamente, havia a crença de que a doença era benigna em crianças e, por isso, muitas mães preferiam que seus filhos fossem contagiados logo cedo. De acordo com o médico, isso é parcialmente verdade. “O sarampo em adolescentes e adultos tende a ser mais grave. No entanto, em crianças pequenas, particularmente nas que têm menos de 1 ano, é mais grave do que em crianças maiores”, explica.
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Vacina
A vacina contra o sarampo tem 97% de eficácia e, como faz parte do Calendário Nacional de Vacinação, é oferecida gratuitamente pelo SUS. É dada sob a forma de vacina tríplice viral, que também imuniza contra rubéola e caxumba. Deve ser aplicada em duas doses: a primeira logo após a criança completar 1 ano e a segunda, entre 15 e 24 meses, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) .
Com exceção das mulheres grávidas e indivíduos imunodeprimidos, adultos que não foram vacinados e não tiveram a doença na infância também devem tomar a vacina (adultos não vacinados de até 29 anos devem tomar duas doses da vacina; adultos de 30 a 49 anos, apenas uma). “Ela é segura, provoca pouca reação e confere proteção permanente, isto é, para toda a vida”, afirma o dr. Oselka.
Vale ressaltar que as vacinas estão entre as medidas mais eficazes para manutenção da saúde pública. O médico lembra ainda que antes de existir a imunização contra a doença, que começou a ser usada amplamente no Brasil no final da década de 1960, praticamente todas as crianças que nasciam eram contagiadas pelo vírus.
Tratamento
O sarampo é uma doença autolimitada e, por isso, seu tratamento é sintomático, ou seja, visa ao alívio dos sintomas até que a pessoa se cure. Os pacientes devem repousar, beber bastante líquido, consumir alimentos leves, limpar os olhos com água morna e tomar antitérmicos para baixar a febre. É importante ressaltar que não devem tomar medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico, pois eles podem provocar sangramentos e, em crianças, a síndrome de Reye, doença rara e grave que atinge o sistema nervoso central e o fígado.